Qual é, afinal, o problema com o Xbox Game Pass?
Qual é, afinal, o problema com o Xbox Game Pass?
Em um mercado acostumado com tradição e pouca ousadia, o ano
de 2017 trouxe uma virada inesperada: a Microsoft apresentou o Xbox Game
Pass, um serviço por assinatura que, desde o início, prometia mudar e
incomodar o status quo da indústria dos games.
Lançado oficialmente em 1º de junho de 2017, o Game Pass
oferecia acesso a cerca de 100 jogos por um valor mensal acessível de R$ 29,90.
Nada mal para um catálogo que já contava com títulos como Halo 5: Guardians,
Gears of War, Mad Max e Resident Evil.
Mas a verdadeira ruptura veio em janeiro de 2018,
quando a Microsoft anunciou que todos os seus jogos first-party seriam
disponibilizados no Game Pass no mesmo dia do lançamento oficial. Sea
of Thieves, State of Decay 2, Forza Horizon 4, Halo
Infinite e novas entradas da franquia Gears foram alguns dos
primeiros beneficiados. Aos poucos, até jogos independentes passaram a estrear
diretamente no serviço.
Em 2019, o Xbox dobrou a aposta com o Game Pass Ultimate, que unificava o serviço com a (hoje extinta) Xbox Live Gold por apenas R$ 39,90, incluindo também acesso ao catálogo no PC. E como se isso não fosse suficiente, o serviço ainda ganhou musculatura extra com a adição do EA Play, trazendo uma coleção de títulos da Electronic Arts — como FIFA, Battlefield, Mass Effect e Dragon Age — sem custo adicional para os assinantes do plano Ultimate.
Por que isso incomoda tanto?
É simples: o Xbox Game Pass quebra o modelo tradicional de negócios da indústria. Enquanto o consumidor acostumado com o “pague R$ 350 por jogo” ainda engole seco no checkout, o assinante do Game Pass simplesmente joga. Sem crise, sem dívida, sem ter que escolher entre um lançamento e o almoço do mês.
Esse novo modelo, baseado em acesso e engajamento,
tira a zona de conforto de muitas empresas especialmente daquelas que
prosperam vendendo a mesma fórmula por preço cheio, ano após ano. A própria
Sony chegou a afirmar que esse modelo "não faz sentido" para ela. Mas
será mesmo?
A crítica, que parece racional à primeira vista, soa mais como uma confissão: é difícil competir quando você não está disposto (ou preparado) para mudar.
As críticas infundadas
Com a mudança, vieram também as vozes dissonantes. Mas será
que elas se sustentam? Vamos analisar algumas:
- “O
Game Pass vai canibalizar as vendas.”
Um argumento comum, mas que não se sustenta. Diversos desenvolvedores relataram aumento na visibilidade, no engajamento e até no número de vendas fora do Game Pass, por conta da exposição gerada. Em um cenário saturado, ser descoberto já é meio caminho andado.
- “Desvaloriza
os jogos.”
Essa crítica parte da premissa de que valor se mede apenas em preço cheio. Mas o mercado evoluiu. O que o Game Pass propõe é outro tipo de valor: o acesso democrático a experiências de qualidade. Jogos como Forza Horizon 5, Hi-Fi Rush, Starfield, Grounded, Pentiment, Indiana Jones and the Great Circle, Stalker 2, Call of Duty: Black Ops 6 e o promissor Clair Obscur: Expedition 33 mostram que qualidade não está em risco muito pelo contrário.
- “Você
não é dono dos jogos.”
Verdade. Mas também não é na PS Plus, nem na Steam, nem na Netflix. O Game Pass nunca prometeu posse ele oferece liberdade para jogar mais pagando menos. E, convenhamos, quantos jogos você termina mais de uma vez hoje em dia?
Uma indústria em transição?
O Game Pass não é um produto perfeito nenhum serviço é.
Mas ele é uma resposta clara a um problema real: o alto custo para
jogar. Em vez de forçar o consumidor a apostar alto em um único título, ele
permite experimentar, descobrir e aproveitar uma variedade de jogos com menos
risco e mais liberdade.cb
É uma mudança que incomoda. Principalmente quem lucra com o
velho modelo. Mas também é uma mudança que favorece o jogador.
E no fim das contas, não era exatamente disso que a indústria precisava?

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